domingo, 13 de maio de 2012

Diário de Ezequiel


Por: Flávio Novais


Ser um Capitão da Areia é uma necessidade! É lutar lado a lado com pessoas que passam pelas mesmas coisas que nós (crianças órfãs).
Sou Ezequiel, roubava doces e mantinha relações sexuais com crianças do bando. Após uma briga com Pedro Bala fui excluído e criei meu próprio bando, para me vingar dos Capitães.
Todos dizem que sou um vilão. Mais é fácil falar quando não se vive nas condições em que vivemos. Criamos meios de sobrevivência, onde nem sempre são os certos. Somos tratados como animais. Só queremos uma vida digna, um lugar para morar, algo para comer!

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Diário do Professor

Por Gleicy Kelly


Me chamo João José, mas me conhecem como "Professor". Costumo ser um pouco mais informado que os outros, acho que é por isso. Sempre me perguntam o porquê disso, como fazer aquilo, e para alegria de todos, tenho sempre uma resposta. 
     Não lembro-me claramente da minha infância, quando eu tento, só consigo ver flashes. Imagens vagas passam pela minha cabeça, como as várias manhãs iguais, quando eu bem pequeno, estudava em uma escola primária e improvisada que ficava no interior da Bahia, aprendi algo lá. Consigo também lembrar que sempre gostei de fazer desenhos, eu rabiscava tudo que encontrava pela frente, folhas, móveis e até paredes. Brigavam comigo por conta disso. 
     Eu tive uma mãe, talvez duas, me lembro de sentir grande afeto por duas mulheres, ambas me parecem iguais, por isso não sei se eram uma só, ou duas, sei lá. No final das contas, sobre a minha origem só sei parte do meu nome, e que fui parar em um orfanato em Salvador quando fiquei mais velho. Um orfanato sujo, onde a comida não eram das melhores, me tratavam feito um animal. Disso eu me lembro perfeitamente. Lá era proibido qualquer coisa que me fizesse bem, eu tenho raiva até hoje, mas aprendi a engolir o choro, e os sapos que a vida me proporcionam. Chamam isso de calma, eu de estratégia. Não se pode perder o controle nesse mundo de cão.
     Fugi na primeira oportunidade que eu tive, quero dizer, tive várias oportunidades, tudo era lá era em péssimas condições, mas eu tinha que fazer direito para não ser pego. Passei umas duas semanas planejando minha liberdade, prestei atenção em toda a rotina daquele lugar. E percebi que não seria difícil fugir. As pessoas me olhavam, mas nunca prestavam atenção em mim. Esperei até o " dia da liberdade ", não chamei assim porque foi o dia que fugi, é que nesse dia eles não brigavam com agente, não batiam, nem mandava agente ficar trancado em um quarto escuro, nesse dia o orfanato era limpo, os livros colocados nas pratilheiras, e fingíamos felicidade. Sempre esperando que um daqueles ricos metidos a gente boa, escolherem um de nós para fazer sei lá o quê na vida deles.
    O orfanato estava cheio, muito movimentado para a minha sorte, consegui me esconder atrás de um daqueles carros. Quando os portões foram abertos, simplesmente corri, corri até não aguentar mais, e sem olhar para trás. Vaguei por uns dias eu acho, tenho uma terrível ou maravilhosa mania de com o tempo, esquecer de coisas que não me fazem bem. Só sei que depois de tanto andar encontrei um menino alto, loiro e com o rosto marcado, me pareceu muito gentil, me ofereceu comida e disse que se eu quisesse poderia seguir ele, disse também que ao lado dele nunca me faltaria comida e diversão. Achei divertido mesmo, o que ele mais gostava era tirar daqueles o que um dia tanto esperei para ganhar. Bem e o resto vocês já sabem.
   Eu não lembrava de quase nada do que acabei de escrever. Tudo ficou claro quando eu peguei meu primeiro livro, a sensação de poder me tomou por completo quando consegui decifrar aqueles códigos, saber o que aquelas páginas diziam. Tudo começou a fazer sentido, quando eu fui livre outra vez, para rabiscar. E agora, não havia ninguém para brigar comigo.

Diário de Pedro Bala

Por Allan Iago


Meu nome é Pedro Bala, sou filho de Salvador, criado nas ruas e becos do Pelourinho, quando pequeno perdi meus pais que foram mortos pela polícia num movimento público... Ao me ver "perdido", vi que precisava de um meio para me sustentar e resolvi formar um grupo só de meninos chamado "capitães da areia", nós somos um grupo de assaltantes da capital, nosso principal alvo são os turistas, pois eles são bestas e fáceis de assaltar... Eu não tive orientação alguma dos meus pais ou de uma pessoa mais velha, mas a vida me ensinou a sobreviver através da própria construção do meu "eu".
Até a próxima postagem marujo.

domingo, 6 de maio de 2012

Diário do Professor


Por  Emily Maila
Como entrei para o Capitães da areia 

Quase ninguém sabe como é o drama das pessoas que vivem na rua sem um lar, conforto, privacidade e família. Enfim, o meu destino não foi bondoso comigo, abandonado pelos meus pais, passei a conquistar toda a Bahia, cidade de arte e alegria como o arco-íris que faz transparecer um encanto e harmonia. Passando por muitos problemas e dificuldades, para sobreviver em meio a tanta pobreza o jeito era viver de roubos e furtos, questão de necessidade. Esclarecer a resistência da pobreza extrema não é nada simples.
Em um momento encontrei e passei a frequentar o grupo '' Capitães da Areia'' desde então era como uma família para mim, por lá sobrevivi por muito tempo. Apesar de viver roubando e armando planos, passava o tempo sentado desenhando meus pensamentos e lendo livros para os meninos que habitavam no grupo. A minha inteligência foi uma das qualidades que me fez ter a confiança de todos principalmente do líder, ou seja, o diferencial entre outros garotos, a dificuldade fez de mim um menino sensível e intelectual. 

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Diário de Ezequiel


Como me tornei capitão de areia
Por: Claudio Ariel  

A vida é sofrida, a miséria e violência comem soltas, a fome me aperta a cada dia e a pobreza, o saber que não posso alimentar, manter e ajudar minha família me revolta. Só os fortes sobrevivem e para ser forte e me manter, tenho que usar da violência e infringir a lei, mas viver solitário é muito triste. A perda da minha família por culpa da lei da violência me faz criar minha própria ideia (estilo) de vida.
Roubar e “vadiar” talvez sejam a minha solução e é isso que eu vou fazer para seguir em frente.

Diário de Pedro Bala

Por CAICO BITANCOURT REIS


Nasci em uma época difícil, sem escolhas no mundo afora jogado. Minha mãe e meu pai que nunca vi,olhava para dentro das casas dos ricos e me imaginava lá. Por que eu? Logo eu, que sofro todos os dias por minhas dificuldades, a fome era saciada com aquilo que a sociedade já nega precariedade de vida. Escolhi não sofrer. Estava enganado, não dá para ser feliz no mundo em que crianças são abondonadas nas ruas, melhor maneira de viver nela e em conjunto, por isso fundei os capitães da areia. O mundo não foi feito pros fracos, desde pequeno acabei descobrindo isso.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

diario de dora


   POR: ALANA MOTA

   COMO ME TORNEI UM CAPITÃO DA AREIA


 Não fazia muito tempo que eu tinha perdido meu pai, ainda me lembrava  todas as noites, como ele chegava em casa e o Zé fuinha corria e pulava no colo dele, às vezes ele trazia um saquinho de balas de menta pra mim e pro meu irmão,era engraçado ver como isso fazia a gente ficar feliz pelo resto da semana.
     Foi tudo muito rápido, a bexiga chegou e tirou meu pai de mim. Não me dei o direito de chorar, minha mãe e meu irmão precisavam que eu fosse forte, já tinha tristeza demais naquela casa e a gente tinha que seguir em frente, ou pelo menos era pra ter sido assim...
     Mal tinha levado o meu pai e agora essa maldita doença veio levar minha mãe também. Eu não tinha mais esperança, sabia que minha mãe não iria aguentar por muito tempo, mas eu queria que meu irmão ficasse ao lado dela o máximo que pudesse, ele ainda era tão pequeno e já estava sofrendo tanto... Queria que esses últimos momentos com ela ficassem na nossa memória, e assim foi...
     Depois da morte de minha mãe os vizinhos nos ajudavam muito, levavam comida, roupas, às vezes o Zé ganhava até uns brinquedos usados das outras crianças, ele ficava na maior alegria, mas não dava pra viver dependendo da ajuda dos outros, foi aí que eu decidi procurar algum serviço nas casas onde minha mãe trabalhava, mas ninguém queria por perto uma filha de bexiguentos.
     O tempo foi passando e as ajudas foram diminuindo cada vez mais, até que não dava mais pra viver com o que a gente conseguia, me vi tendo que sair de casa e ir para as ruas com meu irmão, juntamos umas poucas coisas que nós tínhamos e saímos andando sem saber direito pra onde ir, eu tentava achar um trabalho, mas os donos da lojas não queriam uma criança atrapalhando seus negócios.
     O Zé já não aguentava mais andar, eu pedi a ele que sentasse e esperasse por mim, que eu ia atrás de alguma coisa pra gente comer. Fui a uma padaria e o dono até que me tratou bem, ele me deu uns dois pães pra eu dividir com meu irmão, eu voltei pro lugar onde eu tinha deixado o Zé e o vi com mais dois meninos, lembro que ele olhava pra o desenho que um dos meninos fazia, fui pegar ele pra gente ir embora, mas deu pra ver que aqueles meninos também estavam com fome, então eu sentei e dividi os pães para nos quatro.
     Foi um verdadeiro banquete para aquelas barrigas vazias, conversamos o tempo todo, um dos meninos, o que desenhava, se chamava professor o outro chamava João grande, devia ser pelo seu tamanho, o professor convidou a mim e ao meu irmão pra passarmos a noite no lugar onde eles moravam, foi assim que eu fui parar no “Trapiche”.
     O lugar era bem esquisito na verdade, era bem escuro e bagunçado, mas a vista era linda ficava de frente pro mar, a maresia me trazia várias lembranças; o professor me ofereceu o cantinho onde ele dormia pra que eu pudesse ficar com meu irmão, mas era proibido levar garotas para aquele lugar, soube disso assim que os outros meninos começaram a chegar, eles partiram pra cima de mim e começaram a brigar entre si, o professor tomou logo a frente para me defender, João grande fez o mesmo, chegou até a apontar uma faca para os seu irmãos, tudo isso por mim.
     Foi ai que ele chegou, dando ordem pra que todos parassem de brigar, a reação do bando foi imediata, naquele momento eu tive certeza de que era ele o chefe do bando, todos tentavam explicar ao mesmo tempo o que estava acontecendo e no meio de toda a confusão eu ouvi um dos meninos o chamar de Pedro bala.
     Ele ouviu a versão do professor, e acho que reparou o medo nos meus olhos, ele deixou eu ficar no lugar mas só por uma noite,mas essa noite passou e depois dela vieram outras e eu ainda continuava no trapiche, já tinha me tornado a irmã e a mãe daqueles meninos sem família, eu já tinha me tornado parte do bando, já tinha me tornado uma capitã da areia...

Diário de Pedro Bala

Por Ana Júlia - 2º B


Nem sempre a gente nasce de bunda para lua ou com a sorte de nascer de uma família com muito dinheiro. É, infelizmente, não tive sorte. Nasci pobre e vivo pobre até hoje. Me criei sozinho, não conheci meu pai, soube que ele fazia parte de um grupo de grevista, acho que foi por isso que ele morreu, já minha mãe, não sei muito dela, só sei que também já foi. 
Foi assim que tudo começou, eu cresci no meio desses becos em Salvador, sendo eu meu pai e minha mãe, até um dia que encontrei um grupo de menino e logo fiz amizade e, com a confiança que eles tiveram em mim formamos os "Capitães de Areia".